quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Narrativas do Eu.

"tenho me sentido, em muitos momentos, como um narrador que coleta fragmentos de histórias de outros narradores, com os quais compõe outra narrativa, não de todo prevista pelos que deixaram fragmentos, rastros e vestígios espalhados pelo caminho. Às vezes, também tenho me sentido como um artesão que pedala uma roca e fia um fio longo com o qual imagina fazer um tecido. E, em tese, com o tecido imagina..." Mário Chagas (2009)


Quando crescemos somos tomados por tantas coisas e pessoas, como se literalmente fóssemos múltiplos, como se todas as aulas, todos os tombos, todos os sermões, todos os autores, todas as músicas, os pais, os amigos, os amores fossem pequenos e grandes fragmentos da nossa vida. As escolhas que fazemos estão acompanhadas dessas vivências, dessas vontades que são nossas, mas que dependem daquilo que nos forma e nos formou, e por isso começo com a narrativa do meu eu.

Quando foi a sua primeira visita a uma exposição? 
Eu não lembro, mas certamente foi em minha infância. Já não penso como aquela criança de 14 anos atrás, o tempo apaga ou adormece aquelas sensações que por tantas vezes eram consideradas ou foram ingênuas e doces. Cresci e hoje ao me deparar com meus lugares de memória, percebo o quanto eu achava o mundo grande e que hoje esse mundo é por vezes pequeno. Lembro de achar tudo muito curioso, o que de uma maneira me fez escolher a História e em 2009, a Museologia.
Hoje me encaixo no perfil de gente grande, o que almejei aos 18 anos e que atualmente aos 24 anos me parece um processo de altos e baixos. Em alguns momentos desejo voltar aos tempos saudosos da infância e por que não da adolescência também?

Por que visitar uma exposição?
Hoje responderia por uma questão acadêmica e profissional preciso visitá-las, mas seria errado dizer que esse é o único motivo. O motivo é descobrir o mundo, descobrir a arte, descobrir a memória de alguém, me reconhecer, não gostar, achar bonito, achar defeitos, achar que aquilo faz sentido ou não. Acho até que a palavra desbravar se encaixa, e encontrar o desconhecido e o tal conhecido.

Então...

A exposição é uma maneira de fluir e compartilhar memórias, histórias, tensões, conflitos, janelas, portas, pontes, e certamente uma maneira de romper com as nossas certezas... descobrir que existem universos tão semelhantes e distintos dos nossos.

Sendo assim, entre, estranhe e compartilhe comigo a arte.

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